terça-feira, 9 de julho de 2013

Produtos Financeiros Complexos : Credit Linked Notes (CLN) & FTD



Credit Linked Notes (CLN) 

Uma Credit Linked Note é um activo financeiro que consiste na combinação de um CDS e de uma Medium Term Note , ou seja, apresenta características quer de um derivado e quer de uma obrigação.



Vou tentar explicar partindo de um caso pratico, porque a CLN pertence à classe dos produtos financeiros complexos e tem alguns riscos associados que não devem ser descurados.


1.º Passo - Explicação mais simples

Imaginem por exemplo que existe no mercado um banco de investimento chamado Bank Savings (é para não fazer qualquer publicidade pelo menos para já), e esse banco investe o seu dinheiro em diversos produtos de modo, a diversificar o seu portfolio de modo a promover uma rentabilidade para os seus accionistas ao menor risco possivel, mas também de modo a salvaguardar os seus compromissos perante os seus credores (como por exemplo depositantes e obrigacionistas). Esta instituição financeira está a parecer credivel somente por aquilo que acabei de escrever, mas enfim estou a fugir do topico.

Esse banco tem em carteira umas obrigações da empresa da Lusofona Telecom com as seguintes caracteristicas:

  • Anos para chegar à maturidade : 5 anos;
  • Cupão : 5%;
  • Yield à data de hoje: 7,5%. 

Olhando para estes dados é possivel determinar que as obrigações estão a negociar no mercado abaixo do seu valor nominal. Mas o gestor do banco de investimento chamado Sr. Preocupado pensa no melhor interesse do seu banco está a pensar numa alternativa que permita salvaguardar o investimento da sua instituição perante a Telecom. Ele acredita que o emprestimo obrigacionista será sempre pago e que o risco é praticamente inexistente, mas ele também segue muito o proverbio "o seguro morreu de velho" e por isso tenta sempre precaver qualquer risco de incrumprimento.

Ele pensa que a melhor alternativa seria fazer uma especie de seguro, que em caso de incumprimento no emprestimo obrigacionista seria acionado, e o banco nunca iria ter qualquer perdas. Aqui começa a nascer a ideia CLN.

Mas em vez do gestor do banco ir comprar um Credit Default Swaps (CDS) em relação aquelas obrigações (http://www.optimize.pt/wiki/index.php/Credit_Default_Swap), ou porque não existe ou os seus custos associados são demasiados elevados,  ele pensa numa alternativa!

Sr. Preocupado: E porque não o banco ser o emissor e vendedor de um produto financeiro que permita salvaguardar um default no emprestimo obrigacionista. Assim nasce CLN.



2.º Passo - As relações entre os Intervientes

  • Investidor
  • Emitente - Bank Savings
  • Entidade de Referência - Lusofona Telecom 

Continuando assumir os mesmos pressupostos sobre o emprestimo obrigacionista, o Bank Savings decide emitir uma CLN em que tem activo subjacente essas obrigações, e decide remunerar à taxa 7,25% com periocidade mensal a quem subscrever esse produto.

Se o investidor for alguém como eu, então vai logo dizer - What's the catch?

Sim é verdade existe um risco neste produto, ou melhor um risco significativamente maior se o investidor detivesse ele proprio essas obrigações. E qual é o risco?

O risco é se ocorrer qualquer um dos seguintes eventos de crédito para Entidade Referência, mas também para o Emitente:
  • Insolvência;
  • Falha de Pagamento;
  • Reestruturação dos termos originais contratualizados de obrigações.

Se ocorrer qualquer os eventos de crédito acima mencionados, a consequência imediata é que os juros CLN deixam de ser pagos.


A segunda consequência, será iniciar o processo de Reembolso, que poderá ser dois tipos:

  • Liquidação Fisica
O reembolso ocorrerá através da entrega de unidades Obrigações Entregáveis. Trocando por miudos, basicamente as Notes serão substituidas pelas obrigações da entidade de referência.
  • Liquidação Financeira
Na impossibilidade de proceder à entrega fisica das Obrigações Entregáveis, então o reembolso das Notes será apurado. Podendo esse valor ser inferior ao valor subscrito inicial pelo investidor.


3.º Passo - Recapitular alguns assuntos importantes


Qualquer investidor que investir neste tipo de produtos tem de compreender que este tipo de produto financeiro apresenta um nivel mais arriscado do que propriamente das obrigações, porque o pagamento dos juros deste produto estão dependentes que não ocorra nenhuma dos eventos de crédito (insolvência, falha de pagamento ou reestruturação) quer para a Entidade Referência (neste exemplo Lusofona Telecom) mas também para o Emitente (neste exemplo Bank Savings).

Se correr tudo bem, então o investidor vai receber juros periodicos a uma taxa mais atractiva face às alternativas apresentadas no mercado devido a um maior exposição ao risco. Se correr mal então com certeza irá perder o juro desse produto, mas poderá não receber a totalidade do seu capital investido ou na data prevista.


Deixo aqui um link para um video no youtube que explica o conceito CLN (são quase 6 minutos em inglês):

http://www.youtube.com/watch?v=mxNMEtchKd8






4.º Passo - Como obter informações sobre subscrições destes produtos em Portugal


A CMVM é site em que está disponivel a informação detalhada sobre todos os lançamentos de produtos financeiros complexos (pelo menos a partir de 2009), entre os quais CLN. Para identificar se é um CLN,  basicamente são aqueles que começam com o titulo "Credit Linked Notes ".

http://web3.cmvm.pt/sdi2004/pfc/index_pfc.cfm

ou efectuar uma pesquisa:

http://web3.cmvm.pt/sdi2004/pfc/pesquisa_produtos.cfm


Os bancos em Portugal que trabalham mais regularmente por este produto são:

- Banco Best
- Deutsche Bank


Mais um detalhe importante:

No titulo fiz menção a FTD (First to Default), basicamente é a mesma historica que um CLN, mas com a mais titulos associados e com mais entidades de referência. E basta ocorrer em qualquer um das entidades de referência ocorra o evento de crédito, para o que o produto seja acionado. Em suma tem um risco ainda maior que CLN.

Deixo aqui um link de um produto desse tipo:

https://my.rbsmorgans.com/download.cfm?DownloadFile=93A074DA-D60D-540D-6969E566686A85CF



Para finalizar:

Para quem é cliente do Banco Best existe uma informação que o mesmo irá lançar uma subscrição online a partir do dia 18 de Julho de 2013, de um Credit Link Note com uma remuneração mensal de um a juro anual 7,45% por um periodo de 5 anos, tendo como entidade de referência a Portugal Telecom.



Bons Investimentos

David Marques Leal


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Resultado da Oferta das Obrigações do Benfica SAD 2016

Somente para fechar este capitulo, deixo aqui o link da CMVM ao resultado da oferta das obrigações do Benfica: http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/fsd27349.pdf


Destaco a pagina 14:


  • Quant. minima atribuida por pedido (200 obrigações) =  1.436.341 obrigações (15,96%)

  • Quant. atribuida por rateio (aplicavel somente a 10 Abril) = 7.562.463 obrigações (84,03%)
Rateio = 40,29%

  • Quant. atribuida sorteio = 1.196 obrigações (0,01%)


O rateio incidiu somente no dia 10, porque os pedidos procura no primeiro dia (97 milhões €) excederam oferta (45 milhões €), ou seja, tornando as pedidos nos dias seguintes praticamente irrelevantes pois o maximo que poderiam obter seriam as 200 obrigações.


Por isso de futuro em ofertas semelhantes, tenham atenção a esta lição.


Bons Investimentos

David Marques Leal

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Fundos de Tesouraria

Para quem pretenda investir o seu dinheiro numa óptica de curto prazo com um risco baixo ou praticamente nulo e com garantia de capital, então poderei classificar 3 tipos produtos que cumprem esse objectivo inicial, e que são:

  • Depósitos a Prazo
  • Certificados de Aforro
  • Fundos de Tesouraria

Em relação aos Depósitos a Prazo, penso que generalidade das pessoas entendem o seu processo, basicamente consiste em que o depositante faz um acordo com seu banco que durante de determinado período de tempo uma quantia do seu dinheiro vai estar naquele banco, e em contrapartida o banco irá remunerar esse deposito com juros. Por norma tanto maior for o montante ou período do deposito maior será a taxa de juro.


Nos Certificados de Aforro, consiste basicamente em que um investidor particular empresta o seu dinheiro ao Estado Português, e em contrapartida o Estado paga um juro por esse "empréstimo". Por exemplo quem decidisse investir neste produto em Abril/2013 iria receber uma taxa de juro 3,176% (TANB), do qual 3,00% é parte fixa (até 31/12/2016) e o remanescente é parte variável que está indexada à variação da Euribor 3 meses (0,85*E3meses). Prazo mínimo manter do investimento 3 meses, sendo que actualmente a taxa mais baixa que investimento pode chegar são os 3%.


Fundos de Tesouraria

Mas o assunto deste artigo não são os dep. prazo ou os certificados aforro, mas sim os Fundos de Tesouraria. Este produto é praticamente desconhecido na generalidade dos clientes de qualquer banco em Portugal e o mais estranho é que praticamente tem um risco quase semelhante a um dep. prazo ou um certificado aforro. O problema deste produto, e que torna difícil do funcionário do banco em vender, é a impossibilidade de determinar a remuneração que o investidor irá receber ao fim 3 meses de modo a comparar com os produtos que mencionei antes, porque as rentabilidades passadas não são garantias de rentabilidades futuras (esse lema dos fundos).

Para dar uma ideia no que consiste um fundo de investimento, basicamente consiste numa empresa em um subscritor de um fundo se torna num accionista desse fundo, mas em vez de acções o investidor detém Unidades de Participação (UP), sendo que o valor de cada UP tende a subir ou descer conforme valorização/desvalorização da diferença entre o activo e passivo. No caso específico de fundos de tesouraria, o gestor desse fundo somente pode investir o capital desse fundo em activos seguros e por norma com remuneração garantida, por exemplo as acções não tem lugar no portfolio desses fundos.

O valor UP dos fundos é determinado todos os dias úteis, aonde vai sendo englobando o valor do activo e a especialização do valor dos juros diários, independentemente de os mesmos ainda não terem chegado ao seu vencimento. Ou seja, ao contrario dos certificados de aforro ou da generalidade dos dep. prazo que remunera os seus juros no fim do vencimento de cada período, os fundos basicamente procedem a remuneração diária sendo a mesma capitalizada ao valor.


Então existe alguma forma de determinar a rentabilidade futura de um Fundo de Tesouraria?

A resposta é Não. Mas existem 2 mecanismos que de forma indirecta poderão determinar se a rentabilidade obtida é superior em comparação com outros investimentos, sendo que o seu único revés a necessidade de perder algum tempo.



Quais são esses dois mecanismos?

  1. Determinar a valorização anualizada do valor da unidade de participação da ultima semana, duas semanas e um mês;
  2. Calcular a potencial valorização do activo do fundo com base na Composição Discriminada da Carteira Mensal.




Valorização Anualizada

O primeiro mecanismo consiste em determinar as variações mais recentes de modo a descobrir qual o nível de rentabilidade que o fundo está a conseguir, mas também saber a sua tendência é ascendente ou descendente.


Para exemplificar vou utilizar dois fundos do grupo do BES com dados de 19 de Abril:

 ES Monetário
 http://www.esaf.pt/Default.aspx?tabid=100&codfun=14165990410&from=listafundos



Dia
Valor UP
 
Período
Valorização Anualizada
19-04-2013
7,4591
 
1 Semana
2,84%
12-04-2013
7,4553
 
2 Semanas
4,29%
05-04-2013
7,4501
 
1 Mês
0,07%
22-03-2013
7,4583



ES Liquidez Especial

 http://www.esaf.pt/Default.aspx?tabid=100&codfun=14165991336&from=listafundos

Dia
Valor UP
 
Período
Valorização Anualizada
19-04-2013
5,3735
 
1 Semana
3,46%
12-04-2013
5,37
 
2 Semanas
3,46%
05-04-2013
5,3665
 
1 Mês
3,41%
22-03-2013
5,3597


Para calcular a valorização anualizada utilizei a ferramenta do site do ESAF. Por norma a generalidade sociedades gestoras tem uma ferramenta que disponibiliza a rentabilidade do fundo por um determinado período. Embora também é possível efectuar manualmente.


Destaque: À primeira vista nota-se que o segundo fundo é mais consistente em termos de rentabilidade, enquanto o primeiro teve uma desvalorização que praticamente tirou a rentabilidade num período de um mês e que somente recentemente foi compensada. Qual o motivo destas diferenças?


A razão consiste na composição da carteira de cada fundo. E para isso é necessário dar uma vista ao site CMVM:
  • Link Composição Discriminada E.S. Monetário
http://web3.cmvm.pt/sdi2004/fundos/carteiras/fim/dtlcart_fim.cfm?num_fun=%23%224%5B%5D%0A&data2=%2A%23D%5BB%23%2DQ%20%281%3C%22Q%20%20%20%0A

  • Link Composição Discriminada E.S. Liquidez
http://web3.cmvm.pt/sdi2004/fundos/carteiras/fim/dtlcart_fim.cfm?num_fun=%24%23%24S%5E%22%40%20%20%0A&data2=%2A%23D%5BB%23%2DQ%20%281%3C%22Q%20%20%20%0A


Enquanto o segundo praticamente detêm no seu portfolio em activos assentes em papeis comerciais e por isso assume o valor nominal do inicio ao fim impossibilitando qualquer hipótese de valorização/desvalorização desse tipo de activo, e por isso a valorização do fundo está basicamente assente nos rendimentos dos juros.


Mas já o fundo E.S. Monetário detêm parte do seu património em obrigações, e por isso o valor do seu activo desse fundo irá variar:
  •  positivamente nos rendimentos dos juros (tal como E.S. Liquidez);
  •  mas também do valor de mercado das obrigações, e por isso se as cotações descerem o valor do activo do fundo irá desvalorizar, mas o inverso também é possível;
Embora a longo prazo as cotações das obrigações tende a ficar em 100, porque norma a gestão deste tipo de fundos (no caso E.S. Monetário) irá levar esses produtos até maturidade e por isso essas desvalorizações ou baixas rentabilidades serão compensadas num longo prazo.

Seria mais arriscado investir num fundo que detivesse muitas obrigações com cotação estão acima 100, porque como referi aquando da determinação da UP todos os rendimentos ou ganhos/perdas são incorporados diariamente, ou seja, se aquelas obrigações estão em níveis acima 100 existe um real risco desvalorização do valor fundo no futuro próximo, isso iria depender se a gestão do fundo estaria disposta a vender as obrigações antes do fim do prazo ou manter até a sua maturidade.




Potencial de Valorização da Composição Discriminada Mensal

Utilizando os links da CMVM que referi num anterior mecanismo para justificar os diferentes motivos de uma diferente rentabilidade associada a cada um dos fundos, é possível verificar remuneração que cada activo tem e quando tem o seu vencimento. Então é possível no inicio de cada mês efectuar com uma folha de excel efectuar um calculo aproximado da rentabilidade média do fundo, nunca será exacto porque existem demasiadas variáveis mas por norma não vai fugir muito (isto assumindo que não haverá desvalorização cotações em determinados activos).



 Notas Finais sobre Fundos de Tesouraria

  • Este tipo de fundos por norma não tem comissões de subscrição e nem de resgate;
  • Praticamente é possível efectuar desmobilização total ou parcial em qualquer momento, ficando o dinheiro disponível à ordem no dia seguinte ao pedido;
  • A subscrição inicial neste tipo de fundos anda normalmente nos 500 €, sendo que as subscrições futuras o limite mínimo ronda os 25 €;
  • A rentabilidade que é liquida impostos, ou seja ao contrario dos juros dos dep. prazo não existe qualquer retenção IRS (28%) à posterior;
  • Possibilidade de elevada oferta de bancos que comercializam o mesmo fundo, se analisar o prospecto do fundo existe uma rubrica que identifica as entidades que comercializam. 

Custo da Oportunidade e comparar com produtos com risco semelhante


 
Rentabilidade Bruta
Rentabilidade Liquida
Dep Prazo 3 Meses Tanb 4%
4,000%
2,88%
Certificados Aforro 3,176%
3,176%
2,29%
Fundo E.S. Liquidez
4,805%
3,46%


Após ler todo o artigo, coloco a seguinte questão:

Como vai investir o seu dinheiro?

  • Prefere investir o seu dinheiro num dep. prazo com uma taxa promocional para novos clientes (4% Tanb), mas que ao fim desses 3 meses irá para uma taxa inferior a 3%;
  • Aplicar em certificados de aforro e saber que a sua remuneração para os próximos meses estar pouco acima de 3% (Tanb)
  • Ou aplicar num fundo de tesouraria que demonstra uma rentabilidade de curto prazo superior embora impossível de determinar com exactidão, mas com a vantagem que no momento que a rentabilidade for inferior ao pretendido (por exemplo em comparação com Certificados Aforro) seria possível ter o dinheiro disponível à ordem no dia seguinte e por isso alocar os seus euros e investir em Certificados de Aforro (isto assumindo que não consegue obter uma rentabilidade superior em dep. prazo).

Bem só posso dizer a escolha é vossa, e só posso dizer para terem calma e perderem algum tempo analisar os fundos com atenção e qual a composição discriminada. Recomendo para pesquisa o site da CMVM: http://web3.cmvm.pt/sdi2004/fundos/app/index.cfm


Da minha parte desejo bons investimentos, e já agora aproveitem bem esta Primavera que parece somente está a começar este mês de Abril.



David Marques Leal

domingo, 7 de abril de 2013

Obrigações Benfica SAD 2016


Prospecto:
http://web3.cmvm.pt/sdi2004/emitentes/docs/fsd27155.pdf


A partir do dia 10 de Abril estará disponível a subscrição das Obrigações Benfica SAD 2016 que oferecem um cupão de 7,25% com pagamento semestral (29 de Outubro e 29 de Abril) por um período de 3 anos após a sua emissão. Os bancos que irão comercializar este produto são:

  • ActivoBank
  • BPI
  • Millennium BCP
  • BES
  • Banco Best


Á primeira vista a remuneração é cativante, mas existem riscos e despesas associadas que podem tirar rentabilidade do produto, por isso vou a passar a explicar como um investidor deve proceder de modo a não sentir no futuro que foi enganado pelo seu banco.


Riscos na Subscrição:

  • Por cada pedido de subscrição será garantido no mínimo a atribuição de 200 obrigações (1000 €), independentemente da data do pedido (10 a 23 de Abril).
    • Por exemplo se durante o período comercialização existem 12.000 investidores que emitem uma ordem de subscrição, ou seja, 12000 x 200 = 2.400.000 obrigações. Se este cenário vier acontecer significa que somente sobram 6.600.000 obrigações.
  • Se a procura exceder a oferta, é muito provável que venha acontecer, isso obriga a um rateio às obrigações remanescentes após o calculo do mínimo garantido. A regra do rateio refere que vai prioridade às ordens que tenham entrado primeiro no sistema de acordo com a respectiva data (não interessa se ordem entra às 9h00 ou 13h00 do dia 10 Abril, nessa situação estão igualdade de circunstâncias)
    • Por exemplo se no primeiro dia os pedidos subscrição atingirem 8.000.000 obrigações, então os pedidos dos seguintes arriscam a sofrer algum rateio, mas os investidores que efectuarem pedidos a partir do dia 11 o mais provável é ficarem somente com 200 obrigações (1000 €)
Primeiro Aviso: Se está interessado em subscrever estas obrigações, então proceda ao pedido no primeiro dia (10 Abril)

Segundo Aviso: Efectuou o pedido de subscrição no primeiro dia de 5000 €, mas repensou melhor achou por exemplo que devia ter feito um pedido superior. Pode fazer mas o pedido passa a ser considerado com uma nova data ....e por isso arrisca a ficar com somente 1000 € em valor de obrigações.

Riscos nas Despesas Associadas

Existem quatro despesas associadas a este produto até a sua maturidade, que são:

  • Comissão sobre Oferta pública subscrição
  • Comissão sobre Guarda de Títulos
  • Comissão sobre Pagamento de Juros
  • Comissão sobre Amortização (Reembolso)
Na seguinte tabela seguinte vou demonstrar o peso que cada comissão poderá ter na rentabilidade liquida, e para isso vou utilizar o preçario do BancoBest como exemplo:

Comissão  1000 € em Obrigações 2000 € em Obrigações 10000 € em Obrigações
Oferta Publica Subscrição                                    5,20 €                                         5,20 €                                       5,20 €
Guarda de Titulos                                  95,94 €                                      95,94 €                                     95,94 €
Pagamento Juros                                    5,35 €                                      10,70 €                                     53,51 €
Amortização                                    2,46 €                                         4,92 €                                     24,60 €
Total das Comissões                               108,95 €                                    116,76 €                                   179,25 €
Juros Liquidos                                  156,60 €                                    313,20 €                               1.566,00 €
Ganhos/Perdas                                47,65 €                                    196,44 €                               1.386,75 €
Rentabilidade Liquida Anual 1,59% 3,27% 4,62%


Link ao Preçario do BancoBest:
https://www.bancobest.pt/ptg/bestsite/best_docs/PRE_PRF_titulos.pdf#page=2



Notas Importantes a Reter:

  1. Nem todos os bancos cobram comissão na subscrição, é necessário verificar no preçário;
  2. Como este produto inicia em Abril 2013 e termina em Abril 2016, isso significa que irão decorrer 13 trimestres (bastava decorrer um dia no trimestre para contar). A generalidade dos bancos cobra comissões trimestrais.
  3. Se já detiver obrigações ou acções, provavelmente já tem comissões de guarda de títulos (a menos que beneficie de alguma isenção), por isso esse custo não será tão agravado como seria se fosse único titulo associado à sua carteira de títulos.
  4. O calculo da comissão sobre o pagamento de juros incide unicamente sobre os juros brutos (antes da retenção), e por norma a generalidade dos bancos cobra 2% sobre o total dos juros mais IVA à taxa normal (23%). Será injusto ? Talvez, mas é um serviço que eles prestam e por isso há duas soluções: aceitar ou não subscrever à partida as obrigações... a escolha é vossa
  5. Na maturidade ou seja no reembolso das obrigações a generalidade dos bancos cobra 0.20% mais IVA sobre o valor total das obrigações.

Riscos de um possível Incumprimento

Terá o Benfica condições de ser um bom pagador e proceder ao pagamento dos juros e ao reembolso capital das obrigações?

Risco existe e isso quero deixar bastante claro, porque o endividamento do Benfica tem um grande peso na instituição e os próximos anos marcados com uma necessidade extrema de controle de custos e expectativas de realizações de mais-valias em venda de passes e uma boa carreira desportiva na Liga dos Campeões, acompanhada com uma muito provável redução de receitas publicitarias nos proximos (face ao desinvestimento existente no mercado).

Mas esta não é a primeira emissão obrigacionista do Benfica, nas recentes emissões o montante angariado tem aumentado e servido para pagar a emissão que vence anterior:

Abril 2007 : 20 milhões
Abril 2010 : 40 milhões
Abril 2013 : 45 milhões


Acho que será expectável esperar que em 2016 o Benfica voltará a emitir novas obrigações para reembolsar as que hoje está emitir. Por isso aviso em afirmar que este é um investimento espectulativo, ao contrario se fosse emitida por uma EDP ou um Portugal Telecom. Mas se mesmo após ler estes avisos pretende investir então recomendo que não invista nestas obrigações mais 2,5% do total do património financeiro.


Não se esqueçam efectuar o pedido de subscrição no dia 10 Abril.


Já agora FORÇA BENFICA!!!


Bons Investimentos

David Marques Leal



segunda-feira, 1 de abril de 2013

Postal Valor Crescente

Postal Valor Crescente



Ficha Tecnica do Postal Valor Crescente

Informações pré-contratuais do produto

O Postal Valor Crescente é um seguro de capitalização com prazo de 8 anos e 1 dia de vencimento com uma Taxa Anual Efectiva Líquida (TAEL) de 4.07%, apresentando um montante mínimo de somente 500 euros e que está actualmente em subscrição nos balcões dos CTT até 14 de Junho ou antes se atingir o plafond dos 60.000.000 €. Este produto apresenta uma rentabilidade superior aos actuais depósitos prazo devido a dois motivos:

  • Um regime fiscal mais generoso na tributação de juros em 11,2% (retenção para IRS), mas somente se manter aplicação pelos 8 anos e 1 dia;
  • Os bancos estarem actualmente com vários incentivos em manter baixas remunerações nos seus depósitos a prazo que praticamente impede elevadas taxas de juros.


Para terem uma base comparativa com os bancos que apresentam as suas taxas de juro brutas (TANB) e não liquidas, seria necessário constituir depósitos prazo com uma TANB acima de 5.5% para terem a mesma remuneração do Postal Valor Crescente.



É um bom produto para diversificação de portfolio pessoal pois apresenta uma rentabilidade interessante com a vantagem de apresentar um baixo risco para o investidor, se manter a aplicação até a maturidade. Para quem aplique 10000 € irá receber ao fim dos 8 anos 3759,36 € de rendimentos.


Passos a tomar sobre a decisão deste investimento:

  1. Não seja precipitado tenha calma uma decisão com dinheiro nunca deve ser tomada na hora, mais vale ler com cuidado os papeis do contrato, tirar todas as duvidas, para que não passe necessidades no futuro.
  2. Calcular o montante que estaria disponível disposto a investir, sabendo antemão que aquele dinheiro ficará teoricamente indisponível (é sempre possível efectuar o resgate antecipado mas arrisca a ter uma baixa rentabilidade) e que não vai receber rendimentos constante se tivesse aplicado num típico deposito a prazo.
  3. A terceira regra que tenho é diversificação, ou seja, não colocar todos os ovos na mesma cesta, por isso é recomendável investir até uma percentagem máxima do seu portfolio. Por exemplo para um produto como este recomendo nunca passar dos 10% da sua carteira de investimentos, embora a minha recomendação seria aplicar somente 5% do seu portfolio.

Para quem venha ler este blog espero que esta informação seja útil.

Bons Investimentos

David

Objectivo do Blog

A minha ideia deste blog é criar um espaço de aprendizagem quando se trata de poupança, investimentos, créditos ou afins. Pretendo publicar informações, mas também advertências, sobre produtos financeiros que estão actualmente disponiveis no mercado.

Espero que os meus artigos sejam ferramentas úteis para as decisões que cada um tem de fazer nas suas finanças pessoais.

David